Já no andamento deste ano novo, novo mesmo e cheio de idéias muito loucas de verão, o estômago sofre um pouco como sempre, não pelas refeições mal feitas, mas pelas emoções entortadas.
Há a busca por um pouco de sossego, que até existe, mas não para a cabeça que roda para todos os lados. A vida é toda cheia de opções horrorosas, de meio-caminhos para a felicidade, de odiosa realidade das coisas.
Tenho saudades de tudo. Saudades da pouca energia que precisava antes de tantas novidades. Saudades de não suar frio e de não ter tanta dor no estômago ao pensar nas pessoas que vêm para não dar certo. Tenho a impressão de que nunca dá certo.
Mas o que é dar certo, afinal?! Eu nunca soube. Às vezes parece certo e de repente: "Hey, you've got to hide your love away...". Odeio.
O desencontro quando vem dá uma certa vontade de morrer. Por que ele dói e com ele murcha um pedaço da gente. Machuca um pouco e vira um non-sense mais desagradável do que gostoso. Aí a gente fica meio sem sonhos. Sem sono e sem sonhos. Num "entre" que não é nada.
E depois passa. E começa tudo de novo...
De novo o estômago gelado se revirando. É engraçado como as paixões mais tolas, na hora fazem tanto sentido, preenchem tanto a vida e acalmam uma ansiedade maior que a vida. De existir sem saber porquê.
Existir por amor é dar sentido à existência que antes disso é muito morna e pacata.
Acontece que paixão não é sempre matéria bruta de amor, e descobrir isso corrompe o sentido de se apaixonar.
Paixão vira faísca de fósforo. Vira besteria "que passa". Depois de muitas, o corpo e o coração cansam. Cansam dessa exaustão toda a que todo esse emprenho energético leva.
O sexo em si é outra coisa. Nem da paixão ele precisa. Paixão, aquele mito faiscante da adolescência, começa de uma energia sexual, mas depois a gente cresce, fica chato e burro e demanda mais do que essa energia. E se permite ter menos energia e mais conversa, mais estresse, mais planos para o furuto (que naquela época não existia de verdade, pelo menos assim, tão grave).
De qualquer maneira a gente cresce. A gente descobre que "as coisas são assim mesmo", que há pessoas, que há amores, que há o sexo. E a gente vai vagando entre essas coisas e se apegando aonde elas satisfazem mais. Não mais por paixão. Muito por apego, por afeição, um pouco por carência.
Imaginem, logo eu, hoje tenho medo de paixão. Quase me nego a sentir aquele turbilhão todo por dentro. Por que não queria mais morrer de amor sem saber no que vai dar. Às vezes não posso me entregar. E pra isso choro tanto de dor que morro junto com essa minha impossibilidade. E morro um pouco, porque estou matando em mim uma potência gigante que eu tenho de me entregar, sofrer e amar desesperadamente as pessoas. Mas não posso fazer isso agora assim, "de graça".
Descobri que há um jeito outro de viver as coisas. Com mais serenidade e sobriedade. "Independente e sem amor", por mais sem graça que isso me pareça olhando dessa forma. E consigo isso meio fingida, porque sei que no fundo eu acabo semre envolvida na parte que me toca. Mas "aprendi" a tentar não entrar em contato demais para não me deixar abater.
Descobrir isso pra mim é um sintoma grave e inédito. E meio chato, sem tantos mistérios. Blah.