Tuesday, March 21, 2006

Medo meu

Tem sido muito reconfortante viver com mais plenitude e tranquilidade. Tem sido importante externalizar minhas vontades e ter ajuda dos amigos para conseguir viver e ser feliz apesar da solidão. Solidão é mágoa, mas que não cobre tudo. Consigo desfarçar a amargura em minha boca com alguns papos e trunfos.
Um pouco de paz na cabeça cai bem. Bastante suor e cerveja também. Vinícius, arte, consolo. Eu queria mesmo era me bastar. Não pensar tantas horas em quem virá pra me salvar. Po rque ninguém vem. Ainda que a busca seja válida. Ninguém vem.
O vazio vem, o pranto vem, o sonho vem, alguns encontros também. Mas ninguém vai me salvar do que eu sou. Ninguém vai me libertar de como sou.
Preciso dessa profundidade aplainada. Preciso da vida em sintonia com esse turbilhão. Eu, que sou das profundezas, preciso das bordas. Preciso da superfície que me mostra tantas coisa bonitas.
Quero crer que não há nada fora tão necessário quanto o emaranhado de dentro. O dentro também não me salva.
Melhor seria não precisar ser salva. Melhor seria não buscar a salvação.
Salvação de quê? Do duro e denso da vida? Não. Do extremo abismo à vista? Não. Do estar no silêncio ser-me? Não. Não quero me salvar. Não quero mais que me salvem.
Quero querer o risco. Quero bancar o vício de viver completamente. E suar sozinha, dançar sozinha, sonhar sozinha. Sem encontrar fora. Nem dentro.
Quero abraçar esse medo. Quero caminhar ao lado dele, conhecê-lo por dentro. E chamá-lo para dançar. Eu e meu medo profundo. Eu e meu medo do mundo. Eu. E só.
Não quero o outro por medo. Não quero pensar em alguém por que temo. Não quero buscar no vazio. Sentir sem sentí-lo. Olhar sem poder vê-lo.
Meu medo, esse grande guerreiro, me deve a honra de poder vê-lo ao meu lado. Meu medo me espreita e ataca em ondas, sem mostrar-me seu rosto.
ei! Senhor medo meu, medo meu do abandona e da solidão, por favor se apresente e me acompanhe solene, seja então meu irmão. Medo querido, se aninhe comigo e me caonte uma canção.
Eu e tu beberemos, afinal conhecendo um do outro a razão. Sonho com nossa valsa, tão suave toada a ninar meu coração.
Tenho a ti como bravo guerreiro, amante, companheiro e irmão. Lutaremos com força no destino de algo que ainda não sei não.
Me procure e me beije, me propondo a vertigem e louca sensção. Me provoca esta tara, esta mágoa sentida e me larga no chão.
Se eu pudesse traria, tú meu medo profundo para um altar de perdão. E velaria pra sempre a tua presença clara que antes era borrão.
Gosto de ti agora e proponho por ora, que me dê tua mão.

2 comments:

Anonymous said...

Gente

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Anonymous said...

"Não quero o outro por medo".

Não queira. Realmente o conheça; convide-o a dançar; encare-o e diga "oi; então é você?".


O medo vai ter de mudar de RG.