Thursday, May 25, 2006

esbarrão

almo-jantar.
acor-dormir.

de repente parece que tudo está meio sem cor.
há quanto tempo? dias? semanas? meses?

não se sabe nem se está tudo mesmo sem cor,
ou se houve uma tonelada de infelizes coincidências.

não ter que fazer nada é diferente de ter que não fazer nada.

e no meio desse monte de nada, me esbarra um trecho da mestra
que, segundo o pé de página da época, era "eu":

"Ouve-me. Ouve meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. (...) Capta essa outra coisa que na verdade falo por que eu mesma não posso."
in: água viva, Clarice Lispector.

e o silêncio pode ser colorido.
às vezes.

Monday, May 08, 2006

o garimpo

amar começa muito cedo. daí vem a vida a fora.
algumas tentativas. muitas falhas. dezenas de pedrinhas garimpadas, algumas com menos importância.
poucos arrependimentos. pelo menos.
de volta ao balanço de maré alta [ou baixa], se vai buscando fazer verter ouro de alguma das minas em que se garimpa.
o garimpo é intenso. duradouro ou esporádico.
algumas pepitas surgem em cada busca. cada pepita com formato, peso e valores diversos.
tudo bem guardar as pepitas?
até então a mineradora insone padece da terrível falha que é acreditar [às vezes] que há uma mina certa para cada minerador. e que há fim na busca que parece infinita.
o suor e o cansaço dela são a prova de que nem sempre o esforço é válido. que às vezes só gera mais bagunça. mais coisa pra consertar. e consequente insônia.
dorme pedreira, dorme...

Wednesday, May 03, 2006

Mantra

Momentos de suspense são como esse.
Do vazio. Do não saber o que vem em seguida.

Do desânimo misturado com sono e com expectativa de coisas.

Da falta primordial explícita nas altas horas da noite ou nas alturas de uma bebedeira.

Eu tenho um "mantra". Ele diz: "Nunca vai dar certo", ou então: "Nunca vou encontrar".


Tem dias em que eu não me lembro dele. Tem dias em que ele não se lembra de mim. Em todo caso, somos amigos. Eu e o mantra.