Monday, October 21, 2024

Retomando o barulho

Olá,
Eu criei esse blog há muitos e muitos anos atrás, em busca de um espaço de expressividade e liberdade, no anonimato da internet. Naquela ápoca, não havia tanta possibilidade de dividir nossos pensamentos de forma massiça nas redes sociais como há hoje e fazia algum sentido usar o espaço como um caderninho de anotações, de criações de pequenos textos que ajudavama esvaziar a mente e fazer uma cosquinha na ideia de uma criação original com minha própria marca. Nesta semana, porém, fazendo um curso que descobri num grupo de whastapp de educadores (sou professora de educação infantil e psicóloga), curso que também se dá pelo whatsapp, descobri o uso da Inteligência Artificial para um projeto que estamos fazendo de criar um livro sobre Medo e ansiedade para crianças da educação infantil. Fiquei muito assustada. Muito eu tinha escutado falar sobre o uso da IA para criação das terríveis fake news e de como havia sido positivo para algumas áreas de atuação com imagem e textos, mas eu mesma não havia entrado em contato com uma delas. Na mesma semana conhecei e percebi o poder da ferramenta que fez uma ideia simples criar forma em poucas semanas. Temos praticamente um livro pronto, sem ter feito quase nada, al[em de organizar algumas ideias e pedir ao robô. Confesso que sinto um frio da espinha e perceber essa possiblidade e que tem sido divertido testar essa ferramenta, mas ao mesmo tempo, assustador. Acho que em alguns anos já seremos muito confusos em relação ao como devemos pensar. Quais são os mecanismos destes robôs para organizar nossos pedidos e pensamentos de tal forma que acabamos aceitando e achando mais claro do que o modo como eles mesmo fluem em nossa cabeça? Vamos moldar uma forma correta de pensar? Vamos aceitar as sugestões da IA e diminuir a forma como expressamos de forma diversa com erros e chistes específicos, ou apenas em momento mais tensos de trabalho vamos recorrer a ela? Minha colega do curso disse que aproveita para conversar com o robô sobre coisas da vida. Será possível conversar com uma maquina sobre coisas da vida? O que isso diz sobre a nossa vida? Fico me perguntando. Torcendo para que me perguntar seja suficiente para manter minhas dúvidas e que não seja necessário sanar as reflexões com respostas da máquina. As dúvidas sem respostas afinal são taão importantes... Que elas permaneçam assim, com o vazio da reflexão disponível, ainda que as máquinas queiram ocupar todos esses espaços produtivos de vazio.